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Museu da Língua Portuguesa planeja novidades

O Museu da Língua Portuguesa conquistou visitantes (1,2 milhão desde a abertura, em março de 2006) e admiradores (o índice de reclamações é de 0,1%) com uma característica singular -à diferença dos outros museus, abriga um patrimônio imaterial (a língua).

A partir deste ano, para atrair mais verba ao seu orçamento, que foi de R$ 2,8 milhões em 2007, o museu planeja incorporar traços comuns aos demais.

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Texto: Cultura: Entrada principal do Museu da Língua Portuguesa instalado no prédio da Estação da Luz, em São Paulo, (SP). ( Foto: Lalo de Almeida/ Folha Imagem) --------------------------------
Museu da Língua Portuguesa, na Luz, em São Paulo, terá café, loja e livraria

A instalação de loja de suvenires, cafeteria, livraria temática e a locação do espaço para eventos são ações programadas pelos novos gestores, contratados pela Secretaria de Estado da Cultura no último dia 1º.

Na troca de comando, o IBL (Instituto Brasil Leitor), que até então administrava o museu, entregou o bastão para a Poiesis (Associação dos Amigos da Casa das Rosas, da Língua e da Literatura).

Transição

"Não existe nenhuma ruptura. Existe uma passagem para uma OS [organização social], que pode gerir de maneira mais plena o museu. Temos enorme respeito por tudo o que foi feito lá", diz Frederico Barbosa, diretor-executivo da Poiesis.

"Se você me perguntar friamente se o êxito do Museu da Língua Portuguesa é à prova de sucessão administrativa, digo que, a curto e médio prazos, é. Montamos um time goleador, que permaneceu lá. A longo prazo, a vida é feita pelas pessoas...", diz William Nacked, diretor-executivo do IBL.

O que impediu o IBL de continuar à frente do Museu da Língua Portuguesa foi o fato de ele não ter o status de organização social, mas sim de Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).

As Oscips são instituições sem fins lucrativos, cuja regulamentação e reconhecimento obedecem a legislação federal.

A Poiesis faz parte das organizações sociais regidas por lei específica do Estado de São Paulo. Nesse modelo de administração, adotado pela Secretaria de Cultura, a pasta contrata uma organização social, previamente reconhecida por ela, para gerir um espaço público.

Iniciativa privada

Embora a secretaria repasse à organização social o orçamento do espaço a ser gerido, a contratada tem autonomia para buscar mais recursos na iniciativa privada. O objetivo é "desonerar o Estado", conforme cita Barbosa.

Pelo contrato que firmou com a Poiesis, a secretaria repassará R$ 32,5 milhões à entidade nos próximos quatro anos, para a gestão do Museu da Língua Portuguesa, da Casa das Rosas e da Casa Guilherme de Almeida, que deverá ser transformada num centro de referência em tradução.

"Reunir numa única organização social os equipamentos [culturais do Estado] que possuem a temática literatura como núcleo" foi um dos critérios da escolha da Poiesis, segundo a secretaria.

Nacked viu com satisfação seu "time goleador" que cuida do dia-a-dia do museu ser mantido pela Poiesis, incluindo o diretor-executivo, Antônio Carlos Sartini.

"Meu contrato foi renovado sem prazo de validade. Acho que, enquanto eu estiver trabalhando direitinho, fico aqui", afirma Sartini.

Café

Sartini planeja abrir em breve "uma pequena concorrência" para ver instalada até o fim deste ano a cafeteria do museu.

"Pretendo que seja um café, mas também um espaço cultural a mais", diz. A intenção é que o café abrigue "pequenas exposições de cartum".

Na locação do espaço, Sartini diz que será comedido, para "não transformar o museu num salão de festas", e seletivo no perfil dos interessados. "Com certeza não faria a locação para uma fabricante de cigarros. Existe uma questão de imagem do museu, que trabalha com jovens e adolescentes."

A imagem do museu é também a prioridade do diretor-executivo da Poiesis. "Minha idéia é que ele se torne um centro de referência da língua portuguesa, no sentido mais amplo. Hoje, é uma referência como museu", diz Barbosa, que é poeta e professor de português.

Para pôr em prática o objetivo, Barbosa planeja promover simpósios e aulas de português aos visitantes estrangeiros e voltar futuras exposições não só a autores específicos, mas a temas gerais, como a literatura de cordel ou as relações das línguas portuguesa e francesa.

Estudantes são maioria

"As pessoas diziam que o museu não ia ter visitação, porque o assunto é chato", diz William Nacked, diretor-executivo do Instituto Brasil Leitor.

Se quando aceitou a tarefa de gerir o Museu da Língua Portuguesa Nacked encontrou um clima geral de descrença, quando entregou-o aos novos gestores da Poiesis, Nacked foi embora levando consigo a sensação de dever cumprido.

"Meu maior orgulho é que os estudantes entram no museu amarrados, achando que vão odiar, e saem amarrados, de tanto que gostam", afirma.

A administração do museu estima que, entre o 1,2 milhão de visitantes que recebeu até aqui, 750 mil sejam estudantes.

A rotina de freqüentadores do museu demonstrou que o fato de ser dedicado à língua portuguesa atraiu um público que não é habitual em museus dedicados a outros temas.

Língua de todos

"Trabalho com administração de condomínio. Não sou do meio culto. Mas a língua é de todos, né?", afirma Rosana Salgueiro, que visitava a exposição dedicada a Machado de Assis na última sexta-feira.

Por recomendação de uma amiga, Rosana foi ao museu levando o filho Henrique, 7, que "gosta muito de ler". O que Henrique gosta de ler? ""Harry Potter" e "Homem-Aranha'", responde o garoto.

Henrique aprovou o museu, especialmente o caça-palavras que integra a exposição permanente, no qual, movendo rapidamente os braços, ele teve a impressão de que "as sílabas viravam raios".

As atrações multimídia do museu são também um dos pontos preferidos do aposentado Zelito Salles, 63, em sua sexta visita ao museu. "Adoro aquele planetário de palavras, em que os versos vão se projetando sobre o corpo das pessoas", afirma.

Fila Quem quer evitar fila extensa no Museu da Língua Portuguesa deve privilegiar os horários do fim da manhã e do meio da tarde. Segundo a administração, são os intervalos que não coincidem com visitas escolares agendadas. No fim de semana, domingo tem movimento menor que o sábado, gratuito.





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